domingo, 26 de junho de 2022

HEI DE VENCER PARA QUE E QUEM?

 



HEI DE VENCER PARA QUE E QUEM?

 


Há muitas décadas estudo J. Krishnamurti e Prentice Mulford. Os cinco volumes de "Nossas Forças Mentais" foram meus amigos e confidentes desde 18 anos de idade. Assim foi com "O Capital" de Karl Marx e “A Família, a Propriedade Privada e o Estado” de Engels e ensinamentos de Paulo Freire quando eu tinha 25 anos, meus mestres até sempre. Tudo isso atrelado à grande espiritualidade de minha mãe, indígena e sacerdotisa na Rosa Cruz e toda a herança indígena de minha avó, tias-avós, conhecedoras das ervas, tradição e histórias.

 

Ao lado disso, meu pai, assassinado quando eu tinha apenas 6 anos, me deixou um pequeno cartazete horizontal de 10 cm, pintado com "lápis de cor" verde e amarelo escrito com lindas letras por ele mesmo desenhado: “HEI DE VENCER". Paralelo a isso, claro, tive meus estudos na Escola Normal e na UFRJ para a minha profissionalização com estudos específicos sobre Filosofia, Psicologia da Educação entre outras disciplinas para a formação de uma professora.

 

Hoje, depois de 70 anos, me perguntei " Hei de Vencer" para que e para quem? Não existe "Hei de Vencer", papai Alberto, num país que não consegue superar a fome, o desemprego e as questões de saúde, questões básicas. A minha vitória deveria ser a vitória de todas as crianças brasileiras em todas essas décadas. E não foi. Agora entramos em 2022.

 

Todo final e início de ano há uma manifestação de forças e energias mentais para a transformação do velho em novo. Esse velho não deveria ser trabalhado durante todos os 365 dias do ano? Porque só 24, 25, 31 de dezembro e dia 1 de janeiro?

 

Muitos pensam que espiritualidade é aquilo formalizado em igrejas, instituições religiosas, cerimônias, rezas, etc. A espiritualidade deve ser exercida como um direito humano. A espiritualidade é SER: "EU SOU" em todos os momentos e todos os dias da vida. Estar espiritualizado é estar consciente de seu papel de cidadão todos os momentos no trem, nas ruas, nos barcos, nas casas, nos tratamentos interpessoais, nos trabalhos... Aí a lista não termina. Essa maravilhosa manifestação de amor nessas datas de final de ano deveria continuar nos próximos doze meses.

 

Realmente há uma força e intensões extraordinárias se levada como costume de vida, haja vista os objetivos da meditação, yoga e exercícios físicos. Convido a vocês a manterem essa energia vital para os próximos meses quando precisaremos eleger um novo presidente e enfrentar a Covid, variantes e gripes.

 

Que se eleja o homem atrelado à essas energias, espiritualidade, forças, inspirações e ética para cambiar definitivamente esse país e não se iludam com contos de carochinhas que levam o indivíduo para o porão da vida. Esse porão conduz ao apagamento social e invisibilidade do povo. O sinal de alerta deve estar ligado 24 horas por dia para a vitória do povo. 

 

 

Texto de Eliane Potiguara TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Eliane Potiguara é Doutora Honoris Cause pela UFRJ/2021, escritora, poeta, professora e de origem indígena potiguara.

 Instagram: @elianepotiguara

Foto: Ana Marina Coutinho/Dep.Com.UFRJ

sábado, 25 de junho de 2022

 https://revistaacrobata.com.br/demetrios/entrevista/9568/

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

TEMPO É NUTRIÇÃO

 

Casal de negros

TEMPO É NUTRIÇÃO

Não poderia deixar de mencionar os desastres ambientais neste final de 2021, enquanto comemorações, alegrias e fogos de artifícios acontecem paralelamente à situação trágica que está passando o Povo indígena Tupinambá de Olivença, no extremo sul da Bahia e que aumenta o número de vítimas e precisa de muita ajuda e solidariedade. Ao lado disso centenas de famílias pobres, desassistidas na Amazônia, nordeste, centro-oeste, leste e sul do brasil encontram-se invisibilizadas aos olhos governamentais.
O mesmo acontece com mais de 100 cidades na Bahia em estado de emergência, segundo os dados da própria imprensa e que a jornalista Liliana Peixinho @liliana.peixinho me informou. Desde que me conheço por gente e na infância, ainda ouvia falar dos desastres motivados pelas chuvas nessa época no ano: as tempestades, enchentes e vítimas deste processo da natureza. E não houve uma política para defender a população desses estragos até hoje.
Na Bahia, volume e velocidade das águas tem crescido assustadoramente e as enchentes não param. O isolamento das famílias desabrigadas cresce a cada minuto. Todos passarão as festas de final de final de ano totalmente desabrigados e dependentes de ajuda humanitária emergencial.
Trata-se aqui de dimensionar a extensão desses problemas ao longo de muitas décadas e agora a piorar com o desmatamento, as queimadas, garimpo ilegal, justamente quando se fala em defesa do meio ambiente, quando se refere a todas as Convenções sobre meio ambiente da ONU, aos acordos climáticos dos países, e recentemente com a Cúpula Mundial que aconteceu em Glasgow. O assunto é sempre o mesmo: o Brasil não se compromete com uma política da defesa desse nosso meio ambiente e todos os problemas que envolvem essa destruição ambiental. Os problemas são inúmeros e sem condições de citá-los aqui por tratar-se de um texto relâmpago.
Vamos receber em nossos e-mails e nas redes sociais milhões de mensagens fraternas de melhorias das qualidades de vida para 2022. Mas isso só fica mesmo entre nós, brasileiros, populações, amigos e parentes. O próprio governo não está preocupado com nossas demandas. Está preocupado em não perder seus cargos que lhes dão boas vidas e com propostas que possam fazer crescer mais a riqueza de quem já é rico, por exemplo o agronegócio e seus desdobramentos.
“Tempo”, subjetivamente citado para nós_ humanos_ sensibilizados com a problemática mundial e solidários ao próximo é muito importante porque “tempo” corresponde ao momento em que se vive a vida, em que se constrói algo para si e para seus próximos com amor e devoção. O capitalista se apropria desse termo de forma errônea, onde “tempo” é sinônimo de cifrões, de acúmulo de bens, capital e riquezas, com produtividade exacerbada para criar a “mais valia”, como nos ensina Karl Max em seu tratado sobre o capital que potencializa os oprimidos economicamente.
O capitalista é nutrido diariamente por tudo que vem das bases operárias e camponesas. Ele é nutrido pelo o que cria o homem trabalhador em seus locais de trabalho. Rouba as ideias e as transformam em bens de consumo para criar mais riquezas. O operário cria e o capitalista recria sobre o trabalhador envolvendo mais capital. O capitalista suga o suor do trabalhador. Suga as mulheres que trabalham em máquinas de costura, inclusive clandestinas como mão de obra barata, indígena, asiática, negra, classes menos favorecidas.
“Tempo” para nós, povos indígenas ou povos étnicos corresponde ao tempo de gestação de uma criança no útero da mulher, de um momento de um idoso a balançar em sua cadeira de balanço, ao momento precioso e ansioso da cura de uma enfermidade, ao momento de germinação e desenvolvimento de um coqueiro, do movimento das marés, dos ciclos da lua, da ida e volta do sol e um pingar de lágrima. Enfim, uma lista interminável que denota a significância real do “tempo”.
E o homem e a mulher são nutridos entre eles pelo o olhar, pela busca do amor, pelas mensagens físicas ou espirituais que iluminam os corações que se amam. Ele espera diariamente pela nutrição de tudo que ela produz, mesmo um pingo d`água, uma nota musical que soa, uma letra perdida no espaço. E ela espera um mínimo som, uma mínima manifestação de carinho, um ar que passa entre seus cabelos, um aroma estagnante no ar, mesmo de compaixão.
Por isso desejo a vocês, meus leitores, um maravilhoso tempo de escuta, de observância do silêncio e da busca e aperfeiçoamento do interior humano. Sintam o perfume do tempo. Em 2022 é tempo de escuta, produzir o som e emitir novas concepções de vida. Somos a mudança que queremos!
Texto de Eliane Potiguara TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
29/12/2021
Eliane Potiguara é Doutora Honoris Cause pela UFRJ/2021, escritora, poeta, professora e de origem indígena Potiguara
Foto: domínio público

quinta-feira, 21 de junho de 2018

                                             A CURA DA TERRA

"Vem porque a ancestralidade te espera". Texto:ELIANE POTIGUARA Livro "Metade Cara Livro "Metade Cara, Metade Máscara" Eliane Potiguara "A Cura da Terra

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

                                       

Estarei no FESTIVAL LITERÁRIO INTERNACIONAL DE CACHOEIRA, na BAHIA, domingo dia 08/10/2017 às 10 horas da manhã. Agradeço ao Curador Tom Correia e equipe

 Salve a FLICA 2017.Eliane Potiguara

quarta-feira, 5 de abril de 2017

MULHER


MULHER

" MISTÉRIOS DOS SÉCULOS...E A MULHER SE FAZ..."
Texto: Eliane Potiguara II

`MISTERIOSAS CENTURIAS Y LA MUJER ES! ( Texto de Eliane Potiguara y Traduccion del poeta mexicano Jorge Contreras )
 



sábado, 25 de março de 2017

Eliane Potiguara - Literatura Indígena: Um Pensamento Brasileiro

Eliane Potiguara - Literatura Indígena: Um Pensamento Brasileiro

quinta-feira, 23 de março de 2017

A PAZ

A PAZ
"Estar em estado de liberdade é estar em estado de existência na paz, mas só se consegue esse estágio quando a luz interna está acesa, límpida e conectada com a verdade, sabedoria, compromisso, tolerância e respeito ao próximo. Não adianta apregoar uma causa se não há respeito ao próximo. Intenções e palavras desperdiçadas voam e se perdem" Texto: Eliane Potiguara é autora do Livro "Metade Cara, Metade Máscara"

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O poeta Jorge Contreras e Eliane Potiguara no México

Disse meu amigo, o grande poeta Jorge Contreras, do México.

"Una épica foto, cuando conocí a mi querida hermana y amiga Eliane Potiguara. La foto fue en Huapalcalco, Hidalgo. Según sé, fue un centro de estudios de los Toltecas, algo así como su gran biblioteca. Al fondo, en las rocas del cerro, hay pintura rupestre. — com Jorge Contreras Herrera e  Eliane Potiguara.
O poeta Jorge Contreras e Eliane Potiguara

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

REVISTA ARCHIVOS DEL SUR: Día Internacional de la mujer indígena - El acto d...

REVISTA ARCHIVOS DEL SUR: Día Internacional de la mujer indígena - El acto d...: Eliane Potiguara en una disertación (Buenos Aires) Con motivo de celebrarse hoy el Día Internacional de la mujer indígena, la escrit...

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

ESTAREI NESTE SEMINÁRIO NO ACRE/AMAZÔNIA, Contando um pouco sobre "A necessidade da literatura indigena diante de um mundo globalizado". Obrigada Universidade Federal do Acre/UFAC de 29 a 31 de agosto de 2016. 

domingo, 8 de março de 2015

PODER DE MULHER PELA CRIAÇÃO !
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Um presente pra você!No dia Internacional da mulher, vamos presentear a Humanidade, com um MUIRAQUITÃ, um amuleto verde de proteção à vida eterna da alma humana, aquela que faz algo pelo bem caminhar dos seres humanos!
Mulheres! Não percamos nossas almas! A criação é o nosso poder: Escreva, dance, componha, plante, ame, ore, estude, pinte, cozinhe, capine, palestre, espiritualize-se, defenda a Terra, cuide-se, cuide dos animais, crianças, velhos e velhas, acaricie o mundo, beije as cicatrizes do mundo, cultive relações, cultive os amigos, cultive a família, enfim, SEJA...ESTEJA PRESENTE...!SEJA LUZ!
caso queira ler a lenda no meu blog:http://elianepotiguara.blogspot.com.br/, mas ei-la aqui também: A lenda do Muiraquitã é considerada um verdadeiro amuleto da sorte, que consiste num sapinho feito de pedra ou argila, geralmente é de cor verde, pois era confeccionado em jade. Os indígenas contam a seguinte lenda: que estes batráquios, eram confeccionados pelas índias que habitavam as margens do rio Amazonas. As belas índias nas noites de luar em que clareava a terra se dirigiam a um lago mais próximo e mergulhavam em suas águas retirando do fundo do lago bonitas pedras que modelavam rapidamente e ofereciam aos seus amados, como um verdadeiro talismã que pendurado ao pescoço levavam para caça, acreditando que traria boa sorte e felicidade ao guerreiro. Conta à lenda que até nos dias de hoje muitas pessoas acreditam que o Muiraquitã trás felicidade é considerado um amuleto de sorte para quem o possui.





O Muiraquitã apresenta também outras formas de animais, como jacaré, tartaruga, onça, mas é na forma de sapo a mais procurada e representada por ser a lenda mais original.
Eliane Potiguara

ELIANE POTIGUARA: BANHANDO-SE NAS ÁGUAS SAGRADAS DA VITÓRIA RÉGIA

ELIANE POTIGUARA: BANHANDO-SE NAS ÁGUAS SAGRADAS DA VITÓRIA RÉGIA: BANHANDO-SE NAS ÁGUAS SAGRADAS DA VITÓRIA RÉGIA DIA INTERNACIONAL DA MULHER: 8 DE MARÇO Ano passado ofereci à humanidade um MUIRA...

domingo, 23 de março de 2014

FEIRA LITERÁRIA E ARTÍSTICA DE CABO FRIO

FEIRA LITERÁRIA E ARTÍSTICA DO MUNICÍPIO DE CABO FRIO (24ª Semana Poeta Teixeira e Souza)
Local: Largo de Santo Antônio, Cabo Frio/RJ
Data: 24 a 30 de março de 2014
Organização: Supir Cabo Frio Igualdade Racial


 


Segundo Nina Silva: "Estarei novamente nesse evento que me encanta e esse ano ainda mais inspirada pelo Centenário de Carolina Maria de Jesus, uma das homenageadas do evento.
Tanta gente boa e querida juntas falando, escrevendo, prosando, trocando, informando, aprendendo ... de 24 a 30 de março. Agradeço o Fábio Emecê pelo convite e pela confiança de sempre, muito feliz em ter ajudado a montar essa programação enriquecedora com Cidinha Da Silva, Debora Almeida, Elizandra Souza, Isabel Martins Novo, Allan da Rosa, Eliane Potiguara, Augusto Baptista.

Organização: Supir Cabo Frio Igualdade Racial

A 24ª Semana Teixeira e Sousa – Feira Literária e Artística, do Município de Cabo Frio, acontecerá no Largo de Santo Antônio, dos dias 24 a 30 de março.
A proposta da semana é trazer à tona a literatura local e de convidados renomados, dando destaque a literatura afro-brasileira, já que Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa era negro e é considerado o primeiro romancista brasileiro, com a publicação do célebre “Filho do Pescador”.
Passarão pela 24ª Semana nomes como Cidinha da Silva, Marcos Chaves, Alan da Rosa, Rose Fernandes, Elizandra Souza e Bruno Peixoto.

A programação contará com momentos de diálogo direto com estudantes das escolas públicas do município, pois fomentar e difundir a literatura entre os jovens é uma das principais metas da Cultura da Cidade!
Dentro da Semana, teremos a entrega do Prêmio Teixeira e Sousa de Literatura, nas categorias: Conto; Poesia e Crônica, que será 

terça-feira, 18 de março de 2014

24ª Semana Teixeira e Sousa de Literatura de Cabo Frio


Segundo Nina Silva:"Estarei novamente nesse evento que me encanta e esse ano ainda mais inspirada pelo Centenário de Carolina Maria de Jesus, uma das homenageadas do evento.
Tanta gente boa e querida juntas falando, escrevendo, prosando, trocando, informando, aprendendo ... de 24 a 30 de março. Agradeço o Fábio Emecê pelo convite e pela confiança de sempre, muito feliz em ter ajudado a montar essa programação enriquecedora com Cidinha Da Silva, Debora Almeida, Elizandra Souza, Isabel Martins Novo, Allan da Rosa, Eliane Potiguara, Augusto Baptista.

Organização: Supir Cabofrio Igualdade Racial

A 24ª Semana Teixeira e Sousa – Feira Literária e Artística, do Município de Cabo Frio, acontecerá no Largo de Santo Antônio, dos dias 24 a 30 de março.
A proposta da semana é trazer à tona a literatura local e de convidados renomados, dando destaque a literatura afro-brasileira, já que Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa era negro e é considerado o primeiro romancista brasileiro, com a publicação do célebre “Filho do Pescador”.
Passarão pela 24ª Semana nomes como Cidinha da Silva, Marcos Chaves, Alan da Rosa, Rose Fernandes, Elizandra Souza e Bruno Peixoto.

A programação contará com momentos de diálogo direto com estudantes das escolas públicas do município, pois fomentar e difundir a literatura entre os jovens é uma das principais metas da Cultura da Cidade!
Dentro da Semana, teremos a entrega do Prêmio Teixeira e Sousa de Literatura, nas categorias: Conto; Poesia e Crônica, que será realizado no dia 29 de março, as 19h30 no Charitas. Premiação tradicional que mantém o estímulo e a apreciação a escrita literária.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

AGENDA DA MULHER

ELIANE POTIGUARA participou  no dia 6 de fevereirode 2014,  da AGENDA DA MULHER, não só contribuindo com seu texto à página referente à
29 de setembro, dia de seu aniversário, como participou da mesa de debates.O encontro foi organizado por Itamárcia Marçal e grande equipe que transformou o Maracanãzinho, neste dia em uma grande festa diversificada.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

MEGARON, A AVÓ DO MUNDO E A CONVENÇÃO 169 DA OIT

MEGARON, A AVÓ DO MUNDO E A CONVENÇÃO 169 DA OIT



Megaron, sobrinho de Raoni contemplava infinitamente o céu e com seus olhos de águia penetrava o universo como quem busca o ponto certo e focal, a definição de uma resposta aos problemas sociais, políticos, étnicos e existenciais dos Povos Indígenas atrelados pela linha da vida e a linha dos clãs do povo xinguano escolhido propositalmente pelo Universo para fazer acontecer as mudanças que precisam acontecer na Terra.

O comando estrelar unido à força das luas crescente e cheia foram captados pelo guerreiro xinguano e seu povo, e ajudado pela força da avó ou mãe do mundo, da mulher que não precisa estar presente em nada ou em nenhum lugar porque ela já está em todos os lugares em alma e força espiritual. Ela está viva no espírito, coração, cultura e língua dos guerreiros e guerreiras para que ela possa fazer exercer e abastecer a grande transformação, que virá cedo ou tarde.

É só ouvi-la e para os mais sensitivos senti-la ou vê-la através dos tempos e da história. É a mulher que percorre por debaixo dos leitos dos rios, é a mulher que cria o leite quente para saciar a fome dos desesperados e despossuídos. É a mulher que ao mesmo tempo nasce, morre e nasce de novo para perpetuar as gerações indígenas deste país. É a mulher que possui o casco duro nos pés pelas andanças! É a mulher, cuja voz ecoa no passado e no presente!

No norte do planeta, montados a cavalo e montados à Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e à Declaração Universal dos Direitos Indígenas entre outros instrumentos jurídicos, olhares de lince e cabelos negros bisbilhotam ações dos governos e tratados.

Esses instrumentos jurídicos foram trabalhados arduamente por guardiões do fogo criativo e assimilados por líderes políticos que convocam Assembléias para que esse “ tempo” utilizado pelos ancestrais não seja desperdiçado pelo descrédito. As famílias espirituais da flora, fauna, mares, rios, cachoeiras, montanhas, serras, morros, cavernas, vales, seres encantados e animais do céu, das águas e das terras e de todas as espécies, enfim toda a biodiversidade da Tera escolheram a dedo os líderes indígenas pontuais e geográficos para assegurarem as leis que definem, garantem e fortalecem a política dos povos indígenas do Brasil e do mundo. Um homem jovem sentado em seu barco _ora em seu cavalo e ora em seu jumento_ proseia em suas preces e é abençoado pela Mãe Terra.  É a Pachamama para os meso e sulamericanos, a mãe natureza, as benzedeiras, as curandeiras e pajés disfarçadas pelo grande poder estrelar cósmico da categoria “indígenas”.

Povos indígenas! Sigam os sinais que são apresentados para a fortaleza futura e garantir a cultura e espiritualidade.Farejam como animais! Unam-se fortes pelo objetivo único comunitário: nações, grupos, etnias ou comunidades com ou sem Rio+20. Só existe um inimigo: aquele que não deseja ver a sua prole prosperar. Na fé e confiança ouçam a voz que sai das entranhas da Terra. “Eu moro, miro e admiro encima de uma copa de árvore robusta numa casa branca iluminada pela luz eterna a querer o reflorestamento da Terra. Ali faço ninho com as irradiações das luas crescente e cheia, e recebo ordens do comando estrelar”, diz a avó do mundo disfarçada em pajé, aquela que anda por baixo do leito dos rios e espia o mundo. Ela diz: “Aquele que crê em mim ajudará na evolução de uma nova mentalidade da juventude indígena”. Dizem que ela é uma bruxa! Ela é apenas a “mulher que sabe”, a que possui o olhar desconfiado das sábias! Megaron continua a olhar para o infinito e a sentir as evocações do espaço.

Texto de Eliane Potiguara, escrito dia 22/09/2012, às 4 horas da manhã.

Eliane Potiguara é escritora indígena. Foi indicada em 2005  ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura) e Educação, indígena Potiguara, brasileira,  fundadora do GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin, Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo e Embaixadora da Paz, pelo círculo da Fança. Trabalhou pela Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Escreveu “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, pela Global Editora.E seu último livro é “O COCO QUE GUARDAVA A NOITE”, editora Mundo Mirim.Ganhou o Prêmio literário do PEN CLUB da Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA.
Site pessoal: www.elianepotiguara.org.br    
Institucional:   www.grumin.org.br

sábado, 18 de agosto de 2012

A MULHER INTUITIVA

 A MULHER   INTUITIVA

"A mulher que ouve a sua intuição, que percebe os seu sonhos, que ouve a voz interior das velhas e das mulheres guerreiras de sua ancestralidade e que possui o olhar suspeito dos desconfiados, essa sim, é uma ameaça ao predador natural da história e da cultura. Por isso o predador tem medo dela quando ela percebe a violência de seu algoz. Para dominar esse predador que está dentro dela, e fora dela na sua cultura, ela precisa tomar posse de seu instinto selvagem, de seus poderes intuitivos, de seu ser resistente, ser guerreira, ser questionadora, ter insight, ter tenacidade e personalidade no amor que procura, ter percepção aguçada, ter audição apurada, ouvir os cantos dos mortos, ter sensibilidade, ter alcance de visão, cuidar de seu fogo criativo, ter espiritualidade, mesmo que para tudo isso ela sofra, ela sangre, ela trema, ela se rasgue e grite ou que vá ao fundo do poço do sofrimento humano para renascer mais bela !!!!! É UMA LUTA DELA CONTRA ELA MESMA. O predador natural da história faz com que ela se sinta ESGOTADA, mas mesmo assim ela vence, se quiser vencer. Ela renascida fará renascer também seus descendentes, inclusive os masculinos." Texto de ELIANE POTIGUARA, em "METADE CARA , METADE MÁSCARA", Global Editora. www.elianepotiguara.org.br

terça-feira, 31 de julho de 2012

DANÇA COM LOBOS

DANÇA COM LOBOS



Assisti ontem em DVD pela vigésima vez, rs... "DANÇA COM LOBOS", um verdadeiro exemplo de lição de amor entre povos. Infelizmente o mau caráter existe e impede e se intromete no amadurecimento das boas relações. USA e EUROPA: OS MAIORES MATADORES DE POVOS ORIGINÁRIOS! 




Foto:Antonio gonzález, líder do Conselho internacional dos Tratados Indígenas, USA.
                                                          Foto: cena de Filme DANÇA COM LOBOS

Vi esse filme pela primeira vez com o grande líder indígena Antonio Gonzales (pueblo Siri/Chicano), num cinema próximo ao Conselho Nacional dos Tratados Indígenas, IITC, em São Francisco, Califórnia, USA quando de minha passagem por lá, depois de ter ido ao Congresso dos índios norte americanos, onde apresentei uma denúncia sobre a violação dos direitos indígenas do Brasil. Antonio Gonzáles foi enviado para a guerra do Vietnan como índio e viveu os piores horrores dessa guerra. Estive em São Francisco na década de 80. O Congresso indígena enviou uma moção de apoio aos índios brasileiros ao nosso governo. Foi quando fui pela 1ª vez na ONU em Genebra para testemunhar a discussão e elaboração da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS INDÍGENAS, apoiada pelo Fundo Voluntário da ONU. Participei uma década dessas discussões. ESSA DECLARAÇÃO É UM INSTRUMENTO INTERNACIONAL DE COMBATE à violação dos direitos indígenas. Nosso povo indígena deve recorrer sempre a esses documentos para se defenderem. Peço ao LÍDER MEGARON, SOBRINHO DE RAONI que se baseie nessa declaração contra a injustiça que está sofrendo!


                                                       Foto:Megaron, Raoni e Aritana
KKekevin Costner, Mkevinary McDonnell, Graham Greene, Rodney A. Grant, Floyd "Red Crow" Westerman

ELIANE POTIGUARA, escritora indígena, autora de “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, “O COCO QUE GUARDAVA A NOTE” ENTRE OUTROS LIVROS.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

CADA LOUCO COM SUA MANIA


Cada louco com sua mania

Texto de ELIANE POTIGUARA

Dona Vitória pensou que estava numa guerra ou que Dom Quixote chegava para levá-la. Havia tido um ataque cardíaco quase fulminante, mas os guerreiros e guerreiras do outro lado da vida não a queriam lá ainda: “Você tem que trabalhar muito, sua voz está sufocada! Pode começar a berrar seus berros literários e evocativos”, diziam eles!”
Bem,  Dona Vitória dormia sedada por remédios da globalização, apesar de ser uma naturalista. Mas parecia estar acordada, porque ouvia sons. Sentia um frio aterrorizante do ar condicionado propositalmente ligado por causa da infecção hospitalar.
Determinado momento, escutou um canhão adentrando o corredor que levava ao CTI (centro de tratamento intensivo), aquele lugarzinho sinistro que todo mundo tem medo de chegar lá, porque parece o final de linha!
Dona Vitória imaginava com os olhos fechados ­­_ quase inconsciente_ ­grogue pelos remédios: “Estão chegando os inimigos e estão na minha direção. O que faço?”
De súbito, um aparelho parecido a uma máquina fotográfica, daquelas gigantes, pára aos pés da maca de Vitória e atrás da máquina um homem de quase 2 metros, perguntava: Quem vai tirar Raios-X? Vitória imaginava que era uma máquina fotográfica do século passado e não sabemos com que força ela conseguiu se sentar e ajeitar o corpo e cabelos, como se fora uma modelo!  Vixe Maria! Que mulher vaidosa!

Sua companheira de CTI que estava a seu lado nada entendeu, porque Dona Vitória se arrumava tanto com aquele avental  horroroso branco, furado, velho que só tem um cadarço para amarrar e você fica quase pelada aparecendo-lhe os cabos dos monitores  ligados a quinhentas máquinas e mostrando seu horrível  fraldão! Ufa! Quantos cabos, quantas vezes aquele aparelho de pressão arterial_ sozinho_ parecendo um fantasma, inchava e desinchava apertando seu braço como se estivesse apertando seu pescoço até a morte.Isso sem contar com os cabos do soro que doía o braço e toda hora alguém enfiava uma injeção pela "goela abaixo” que lhe ardia o antibraço todo.
O grandão vem com uma chapa de prata dessas de tirar Raios-X e gelada a enfia atrás das costas nuas da pobre Vitória, que na cabeça dela já estava embelezada para a grande e histórica foto.
O grandão que ainda permanecia à sua frente, perguntou de novo: Quem vai tirar Raios-X? E Vitória se ajeitava mais ainda para ficar bonita. E completamente grogue! E não respondia, porque sua voz não saía! Mal enxergava!
 De súbito, a companheira do lado tem um ataque de tosse. E tosse e tosse e tosse e tosse... O grandão diz: “Ah!... é a outra que está tossindo!” Desculpe senhora! Disse à  Dona Vitória e começaram a rir os dois safados... E estavam lúcidos.
 E Vitória, meio cambaleante, começou a entender que nada era com ela e sim com a companheira do lado. E começou a rir também, tonta pelo efeito da enfermidade e dos medicamentos que lhe deixaram grogue!
O susto foi grande, porque além de imaginar coisas, pensou que a máquina antiga de tirar Raios-X era um canhão inicialmente e, depois uma máquina fotográfica antiquada ou Dom Quixote de La Mancha que viria buscá-la!
Cada uma, hem!
Eliane Potiguara